'Seu país e sua riqueza não deveriam definir se você pode ou não sair da Terra', diz Sara Sabry, primeira africana a ir ao espaço
Sara Sabry superou barreiras de nacionalidade e representatividade para se tornar a primeira mulher árabe e africana no espaço. Sua história reflete a luta por inclusão e acesso à pesquisa espacial, além de ressaltar a importância de uma visão sustentável para a exploração fora da Terra.
Sara Sabry, 29 anos, fez história como a primeira mulher árabe e primeira africana a ir ao espaço, uma conquista inesperada para ela, que não tinha planos de carreira relacionados ao espaço. Durante entrevista ao Web Summit Rio, ela compartilhou suas experiências e desafios.
A falta de referências a inspirá-la a se ver como astronauta a fez sentir uma desconexão profunda com a ideia de exploração espacial, inicialmente associada a um estereótipo masculino.
Seu interesse pelo espaço surgiu após terminar o mestrado em engenharia e ela começou a trabalhar em uma startup. Sabry se aprofundou em astrofísica, pois buscava respostas para questões existenciais e se dedicou a pesquisas em robótica e voos espaciais. Atualmente, é doutoranda em engenharia aeroespacial.
Para se tornar uma astronauta profissional, é necessário passar por processos seletivos rigorosos, mas a nacionalidade muitas vezes cria barreiras. Sabry destacou que candidatos não americanos enfrentam dificuldades para se inscrever em programas como da NASA e ESA, que exigem cidadania de certos países.
A oportunidade de Sabry veio através do Space in Humanity, uma iniciativa não governamental. Em 2022, foi selecionada para a missão NS-22 da Blue Origin, onde voou ao espaço por cerca de 10 minutos.
Durante seu voo, Sabry analisou o efeito orbital, revelando que não há separação real entre a Terra e o espaço. Ela expressou a importância de uma experiência suborbital e defendeu que todos deveriam ter essa oportunidade.
Ela critica a desigualdade no acesso ao espaço, afirmando que fatores como cor da pele e nacionalidade não deveriam determinar quem pode ir ao espaço. Sabry acredita que é possível ter voos espaciais mais sustentáveis e defende que as tecnologias espaciais podem contribuir para resolver problemas na Terra, como saúde e meio ambiente.
Atualmente, Sabry fundou a D-Space Initiative, que capacita pessoas de diversos países em pesquisa espacial, e a Strive, focada em testar tecnologias em ambientes extremos para desenvolver soluções para futuros desafios espaciais e ambientais.
Seu objetivo é garantir que a exploração espacial seja inclusiva, sustentável e acessível para todos, não apenas para uma elite privilegiada.