Sexo e magia: as histórias de perseguição a 'pecadores' durante a Inquisição no Brasil
Graphic novel revela a repressão inquisitorial no Brasil Colônia, destacando casos emblemáticos de perseguição religiosa e sexual. O livro “As Confissões da Bahia em Quadrinhos” traz ilustrações e relatos de pessoas acusadas de "delitos" durante a Inquisição.
Inquisição no Brasil Colônia: Uma análise da repressão religiosa
Entre os séculos 16 e 18, padres europeus chegaram ao Brasil Colônia com o objetivo de julgar "delitos", como judaismo, ritos indígenas e homossexualidade, desafiando a fé católica. O Tribunal do Santo Ofício atuou em quatro períodos: 1591-1595, 1618-1620, fim de 1620 e 1763-1769.
A primeira missão foi liderada pelo padre Heitor Furtado de Mendonça, cuja história agora é retratada na graphic novel As Confissões da Bahia em Quadrinhos, de Alexey Dodsworth e Cristina Lasaitis. Dodsworth destaca a perseguição a homossexuais e o escândalo causado pela idolatria indígena.
Mais de mil pessoas foram investigadas, e 29 foram queimadas. Estima-se que 1076 foram investigadas, segundo a historiadora Anita Novinsky. O período de graça permitia autodenúncias antes de punições mais severas.
Histórias emblemáticas incluem a Santidade de Jaguaripe, um movimento religioso sincrético, e o caso de Felipa de Sousa, a primeira mulher condenada por lesbianismo. O padre Frutuoso Álvares também se confessou por práticas homossexuais, enquanto Maria Arde-lhe-o-Rabo foi denunciada por envenenar homens.
A prática do judaísmo era a mais severamente reprimida, juntamente com bigamia, heresia e sodomia. Dados apontam que entre 1587 e 1794, 4419 moradores do Brasil Colônia foram denunciados por práticas homossexuais.
A Inquisição também afetou indígenas e escravizados africanos, que tinham suas culturas e rituais considerados demoníacos. A combinação de Igreja e Estado perpetuou a ideia de que todos os súditos deviam ser católicos, aumentando a repressão sobre aqueles que não seguiriam essa imposição.