Superpotência tecnológica e gigante à beira do colapso: as duas Chinas que desafiam os EUA
A dualidade da China reflete tanto o potencial de inovação em setores tecnológicos quanto os desafios econômicos enfrentados por uma economia em crise. A compreensão dessa complexidade é crucial para os Estados Unidos na busca por estratégias eficazes na guerra comercial e nas relações bilaterais.
Duas Chinas coexistem no imaginário americano: uma superpotência tecnológica e outra à beira do colapso. Ambas refletem realidades distintas.
A primeira, a China esperançosa, é representada por empresas inovadoras como DeepSeek, BYD e Huawei. Jensen Huang, da Nvidia, afirma que a China “não está atrás” dos EUA em inteligência artificial, e muitos acreditam que ela dominará o século 21.
Por outro lado, a China sombria enfrenta problemas como gastos consumidores baixos, alto desemprego, e uma crise habitacional crônica. Os impactos da guerra comercial complicam ainda mais a situação.
O ex-executivo Dong Jielin ressalta que os americanos têm percepções errôneas sobre a China. Para compreender o rival dos EUA, é essencial apreciar as nuances das duas Chinas.
A desigualdade interna é significativa, com disparidades entre litoral e interior, e urbano e rural. O Partido Comunista, apesar de suas declarações socialistas, hesita em criar uma rede de segurança social robusta.
Embora líderes tecnológicos chineses estejam mais otimistas sobre investidas em IA e robótica, a incerteza econômica persiste. Especialistas alertam que avanços tecnológicos sozinhos não irão solucionar os sérios desequilíbrios econômicos da China.
O setor de veículos elétricos exemplifica estas duas facetas, com investimentos em tecnologia sendo ineficientes, levando ao fechamento de empresas.
Além disso, a obsessão por autossuficiência em tecnologia não aborda problemas como desemprego e consumo fraco. A taxa de desemprego jovem é alarmante, atingindo 17% oficialmente.
A guerra comercial tem resultado em grandes desacelerações nas fábricas chinesas e queda nas remessas para os EUA. Pessoas como Chen, um ex-bibliotecário, sentem diretamente os efeitos: desemprego, dificuldades financeiras e perspectivas sombrias.
Num cenário de desaceleração, Chen observa com cautela as suas despesas, temendo por um futuro incerto.