Supremo ampliou alcance do foro para ‘manter poder’
Leonardo Sica critica a nova decisão do STF sobre foro privilegiado, apontando riscos de politização e maior congestionamento na justiça. Ele defende a devolução das competências para tribunais locais como forma de promover democracia e eficiência no sistema judiciário.
Leonardo Sica, presidente da seccional paulista da OAB-SP, critica a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ampliou o foro privilegiado e a competência para julgar autoridades e políticos.
Ele acredita que essa mudança, que reverte um entendimento de 2018, busca a “manutenção de poder” do tribunal. Sica afirma: “Um tribunal que julga todos os políticos acaba se politizando.”
Em 2018, o STF restringiu o foro, limitando-o a casos relacionados ao exercício do mandato, mas a nova decisão restabelece o foro mesmo após a saída do cargo em crimes funcionais.
Sica argumenta que o alargamento do foro transforma o STF em uma Corte criminal, prejudicando seu papel constitucional: “A Corte não consegue se debruçar sobre as questões constitucionais.”
Ele questiona o princípio da igualdade, alegando que o foro privilegiado trata desigualmente os cidadãos, e propõe que as autoridades sejam julgadas em seus estados, o que seria mais democrático e permitiria o duplo grau de jurisdição.
Sica expressa preocupação de que o STF, sem autocontrole, pode enfrentar imposições políticas indesejadas: “Meu receio é de que algum dia o Parlamento resolva impor regras de contenção.”
Por fim, ele critica a forma como a regra do foro é decidida, ressaltando que deveria ser definida por lei e não apenas por jurisprudência ou regimento interno. Ele conclui que essa questão precisa ser enfrentada para melhoria do sistema.