Tarcísio ignora Bolsonaro e fala em cooperar com Itamaraty
Governador de São Paulo busca diálogo com os Estados Unidos para mitigar impactos de tarifas comerciais impostas por Trump. Reunião com empresários ressalta a necessidade de uma estratégia coordenada com a diplomacia brasileira.
Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) se reuniu com empresários em São Paulo para discutir a cooperação com o governo Lula (PT) e a crise causada pela sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump às importações brasileiras a partir de agosto.
Tarcísio ignorou os motivos políticos do presidente americano, que vinculou a tarifa ao julgamento de Jair Bolsonaro. Sua abordagem sem mencionar Bolsonaro acentua a crise entre eles.
Na reunião, que durou uma hora e meia, Tarcísio defendeu uma saída coordenada com o Itamaraty e uma "relação paradiplomática" com Washington, buscando negociar diretamente com estados americanos. Ele ressaltou a importância de representar os interesses de São Paulo.
O evento coincidiu com reuniões de Geraldo Alckmin em Brasília, onde estiveram empresários de menor peso em comparação aos presentes na capital. Um dos poucos líderes de grande destaque foi Rubens Ometto da Cosan, que focou em proteger o mercado de etanol brasileiro.
Entre os participantes, estavam o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, e o cônsul-geral interino, Benjamin Wohlauer. Escobar manteve a linha trumpista, afirmando que a guerra tarifária visa as políticas da China e que empresas americanas buscam facilitar negócios no Brasil.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de SP, Jorge Lima, destacou a necessidade de pressionar os parceiros americanos para evitar prejuízos generalizados.
São Paulo responde por cerca de 30% das exportações do Brasil para os EUA, com destaque para a venda de aviões da Embraer, derivados de petróleo, suco de laranja e carne bovina.