'Tarifa de Trump não afeta em nada apoio de Jair Bolsonaro entre eleitores fiéis', diz pesquisadora
Governo Lula utiliza tarifas de Trump como argumento para criticar oposição bolsonarista e reforçar a narrativa de patriotismo. No entanto, especialistas alertam que tal estratégia pode não trazer ganhos eleitorais significativos, dada a percepção popular sobre a taxação.
Donald Trump anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, gerando reações no governo Lula e no PT.
O PT lançou uma campanha nas redes sociais afirmando que "Bolsonaristas se dizem patriotas, mas militam contra os interesses do próprio país".
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, classificou os aliados de Bolsonaro como "traidores da pátria" durante uma cerimônia em Salvador.
Entretanto, a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado alerta que a base bolsonarista não é influenciada por críticas. Ela afirma que essa base vê o governo Lula como um causador de danos às relações econômicas com os EUA.
Bolsonaro defendeu em sua conta no X que a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro poderia evitar o aumento das tarifas, atribuindo a decisão de Trump ao "afastamento do Brasil de seus compromissos históricos".
Trump, em carta a Lula, justificou a tarifa como resposta à "perseguição" a Bolsonaro e alegou que o Brasil mantém barreiras comerciais que desequilibram o comércio.
O governo brasileiro refuta essa alegação, destacando saldo favorável de US$ 43 bilhões da balança comercial nos últimos dez anos.
Especialistas sugerem que a decisão de Trump pode fortalecer o sentimento nacionalista e dar suporte político a Lula nas eleições de 2026. A equipe do BTG Pactual acredita que a ação de Trump posiciona Lula como defensor da soberania, impulsionando sua popularidade.
Contudo, pinheiro-Machado ressalta que questões econômicas, como aumento do IOF e mudanças no Pix, têm maior impacto na percepção pública do governo Lula, dificultando a inserção da narrativa nacionalista.
A associacão do bolsonarismo com ataques à soberania poderá gerar efeito positivo apenas entre eleitores à esquerda, sendo uma tarefa longa para o governo reconectar a discussão sobre soberania com a agenda progressista.