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Tarifaço aumenta preocupação com contas externas do Brasil, mas real se valoriza. Entenda por quê

Sobretaxa dos EUA aumenta pressão sobre as contas externas do Brasil, mas até o momento não afeta a valorização do real. Economistas indicam que a combinação de altas taxas de juros e a força do Banco Central tem protegido a moeda brasileira.

Sobretaxa de 50% aplicada às exportações brasileiras pelo governo Trump acende alerta sobre as contas externas do Brasil, embora não tenha afetado o câmbio até o momento.

Antes mesmo da implementação das tarifas, as fontes de financiamento do déficit nas transações internacionais já demonstravam fraqueza.

A situação se agrava com a nova taxa, deixando o Brasil vulnerável a choques internacionais.

O Investimento Direto no País (IDP) não cobre mais o rombo em transações correntes. Em junho, o IDP foi de US$ 67 bilhões contra deficit de US$ 73,1 bilhões, a maior diferença desde 2015.

A economista Andrea Damico observa que o IDP, uma fonte mais estável, está abaixo do necessário: "A gordura já se inverteu". Ela revisou a previsão do déficit em conta corrente para US$ 76,3 bilhões.

A XP Investimentos projeta um efeito negativo de US$ 2 bilhões devido ao tarifaço, aumentando o déficit estimado para US$ 73,5 bilhões em 2025. Riscos adicionais podem elevar esse impacto para US$ 3,5 bilhões.

A economista Luiza Pinese destaca que se a situação nas contas externas piorar, o Brasil ficará dependente de fluxos voláteis, tornando-se mais suscetível a choques internacionais.

Apesar disso, o Brasil possui um colchão robusto de reservas internacionais e baixa dívida em moeda estrangeira, amortecendo os efeitos negativos no curto prazo.

Embora a sobretaxa tenha sido formalizada em 30 de julho e comece a valer a partir de 6 de agosto, o real mantém-se forte, com uma valorização de 14% em relação ao dólar para 2025.

Os números mostram uma desaceleração da inflação e o bom manejo dos juros pela Banco Central como fatores que fortalecem o real, mesmo diante do tarifaço.

O Bradesco prevê uma redução total das exportações em R$ 4 bilhões, mas acredita que o enfraquecimento global do dólar proporcionará um suporte à moeda brasileira, com projeção de dólar a R$ 5,50.

Resumo:

  • Sobretaxa de 50% das exportações brasileiras.
  • Déficit em transações correntes crescerá.
  • IDP não cobre deficit, situação é preocupante.
  • Reservas robustas ajudam no curto prazo.
  • Real se aprecia apesar das tarifas e inflação descrescente.
  • Projeção de dólar a R$ 5,50 em 2025.
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