Tarifaço impacta 10,8 mil empresas de médio porte que são exportadoras
Tarifas dos EUA ameaçam exportações de médias empresas brasileiras, especialmente no setor moveleiro. A vulnerabilidade das indústrias pode levar a cortes de produção e demissões em um contexto econômico já delicado.
Brasil possui 74 mil empresas de porte médio; cerca de 10,8 mil (14,6%) são exportadoras, segundo a Fundação Dom Cabral (FDC).
Principais dados:
- Oito em cada dez exportadoras estão na indústria de transformação.
- Setores afetados incluem agroexportação, têxteis, móveis e máquinas.
cenários identificados por Paulo Roberto Feldmann, da FEA-USP:
- Cadeias agroexportadoras: conseguem redirecionar produção.
- Têxteis e móveis: enfrentam risco de cortes na produção.
- Máquinas: enfrentam um meio-termo com alta demanda interna.
Impacto do tarifaço: exemplo de uma produtora de açaí que pode enfrentar um aumento de 36% no preço para os EUA.
Setor moveleiro: quase 40% das exportações são para os EUA. Empresas estão cancelando pedidos e reduzindo produção.
Destaques:
- Móveis Serraltense: caiu de 80% para 30% em exportações para os EUA em 2025.
- Toro Bianco: cancelou embarques de agosto.
- Artemobili: deu férias coletivas por cancelamento de pedidos.
O polo moveleiro de Santa Catarina teve exportações de US$ 123,4 milhões em 2023, com 62% desse total para os EUA.
O presidente do Sindusmobil, Luiz Carlos Pimentel, ressalta a perda de competitividade e pede suporte à indústria exportadora.
Número de médias empresas em recuperação judicial saltou de 197 para 416 entre 2021 e 2024. Lucro líquido caiu 10% de 2022 a 2024.
Eduardo Menicucci alerta que a situação se agrava para empresas com dívidas e sem reservas financeiras. Apenas 11% das médias empresas possuem excelente gestão.
Os efeitos do tarifaço podem impactar toda a cadeia de valor, afetando até empresas que não exportam diretamente.