Tarifaço na vida real: ameaças de Trump já afetam negócios de exportadores, das carnes aos aviões
Setores produtivos brasileiros enfrentam perdas significativas com a possível taxação de 50% nas exportações para os EUA. Frigoríficos e a Embraer destacam os impactos financeiros, enquanto a incerteza afeta a produção e embarques de carne e frutas.
Impacto da taxação de 50% dos EUA nas exportações brasileiras
O governo se reúne com empresas e o agronegócio para discutir a nova taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos. As consequências já estão sendo sentidas: frigoríficos paralisaram a produção de carne para o país, resultando em US$ 160 milhões de produtos no porto ou em transporte.
No setor de frutas, a preocupação é com a produção de manga, que pode ter embarques suspensos. A Embraer estima que essa taxação terá impacto semelhante ao da pandemia, com uma redução de 30% em suas receitas e corte de 20% na força de trabalho. Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, classificou a tarifa como um “embargo” para aviões de alto valor agregado.
Ele projetou um custo adicional de R$ 20 bilhões até 2030, com o aumento de R$ 50 milhões por unidade, tornando as vendas inviáveis. O mercado americano é crucial, representando 45% do mercado de jatos comerciais.
Os frigoríficos reportam suspensão de vendas para os EUA. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) confirma que 30 mil toneladas de carne estão afetadas pela incerteza gerada pela taxação. Isso impacta uma cadeia que gera 7 milhões de empregos.
O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados, alerta que a suspensão do abate partiu dos compradores americanos e a taxação torna as exportações inviáveis, especialmente acima de 65 mil toneladas.
Para o setor de manga, a situação é crítica. Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, expressou insegurança total e generalizada, com a possibilidade de suspender embarques após fechar contratos para cerca de 2.500 contêineres.