Tarifas de Trump contra o aço entram em vigor nesta quarta-feira; veja como isso afeta o Brasil
Fabricantes brasileiros aguardam prorrogação de tarifas de exportação de aço e alumínio dos EUA. O setor busca manter as cotas de exportação, enquanto enfrenta a pressão do governo americano por medidas em favor da produção local.
Tarifa de 25% sobre aço e alumínio brasileiros entrará em vigor nos EUA, e fabricantes esperam prorrogação de 30 dias para negociações. Na véspera da implementação, Donald Trump impôs tarifas adicionais sobre aço e alumínio do Canadá, totalizando 50%.
O Brasil, grande exportador de aço, envia 90% de material semiacabado aos EUA, essencial para a indústria local que depende de importações. Em 2024, foram despachadas 5,3 milhões de toneladas do Brasil para os EUA.
Trump visa eliminar importações que considere ameaçadoras. Em 2018, o Brasil negociou um regime de cotas para exportações, limitando 3,5 milhões de toneladas de placas sem sobretaxa. Três siderúrgicas, ArcelorMittal, Ternium e CSN, seriam as mais impactadas se as tarifas forem mantidas.
A CBA, do grupo Votorantim, é a mais afetada no setor de alumínio. Apesar de exportar só 5% de suas vendas para os EUA, os embarques representaram 17% do total do setor em 2022.
Enquanto isso, o grupo Gerdau pode se beneficiar da proteção tarifária, já que não exporta para os EUA e produz 40% de sua receita no país. Aumento de mais de 15% nos preços do aço foi observado.
O governo brasileiro, através do vice-presidente Geraldo Alckmin, busca renovação das cotas de exportação e já teve conversas com autoridades dos EUA. Em troca, os EUA pedem diálogo sobre impostos de importação de etanol.
A ArcelorMittal poderia exportar 6 milhões de toneladas anuais, enquanto a Ternium limita-se a 5 milhões. A CSN enviou 230 mil toneladas para os EUA em 2022. Se as tarifas vigorem, a empresa poderá ficar fora do mercado americano.
A balança comercial favorece os EUA em mais de US$ 3 bilhões, evidenciando a dependência dos americanos por aço semiacabado do Brasil. A decisão de Trump poderá impactar severamente a siderurgia brasileira.