Tarifas de Trump podem ser oportunidade para o Brasil, diz Fecomércio
Brasil escapa de tarifas mais altas, mas estudos indicam que uma abertura comercial pode impulsionar sua presença no mercado global. O assessor da Fecomércio destaca que a redução de tarifas e barreiras técnicas poderia modernizar a indústria brasileira e beneficiar os consumidores.
Brasil será taxado em 10% nas novas tarifas anunciadas por Donald Trump, evitando taxas adicionais que outros países enfrentarão, como 46% para o Vietnã e 34% para a China.
Um estudo da FecomércioSP sugere que o Brasil poderia se beneficiar de uma redução de tarifas de importação, atraindo investimentos e modernizando a indústria com equipamentos mais eficientes.
Thiago Carvalho, assessor econômico da Federação, afirma que isso permitiria aos consumidores acesso a novas marcas, atualmente limitadas por barreiras tarifárias e sanitárias.
A Fecomércio revelou que a participação do Brasil no comércio global é de apenas 1,5%. O Brasil foi o 24º exportador e 27º importador em 2023, apesar de ter o nono maior PIB do mundo.
O relatório destaca a escalada tarifária no Brasil, onde tarifas aumentam conforme o produto avança em complexidade, dificultando a inserção nas cadeias globais de valor.
Carvalho observa que países como México e Coreia do Sul se beneficiaram ao reduzir tarifas e aprimorar tecnologia, ao contrário dos Estados Unidos, que complicaram essas cadeias com o aumento das tarifas.
O Brasil poderia reduzir tarifas sobre bens de capital e bens de informática de mais de 10% para 4%, alinhando-se à média global. A extinção do AFRMM também é defendida, pois encarece o frete marítimo.
Além disso, é necessário diminuir as barreiras técnicas. Exemplo: uma empresa polonesa enfrentou burocracia para importar quebra-cabeças classificados como infantis no Brasil.
Três dos 42 setores industriais podem ser afetados negativamente até 2035 com a redução tarifária: máquinas, equipamentos eletrônicos e equipamentos de transporte.
Carvalho enfatiza que “não dá para produzir tudo internamente” e que, com a guerra tarifária, o Brasil pode se beneficiar com uma abertura no mercado.