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Taxa de Trump não é tão ruim para Brasil, mas é difícil ver saldo positivo, diz ex-diretor da OMC

Roberto Azevêdo analisa os impactos das novas tarifas de Donald Trump sobre as exportações brasileiras, destacando que, em um cenário adverso, o Brasil pode ter ganhos em setores específicos. Ele alerta, no entanto, para os riscos de uma desaceleração econômica global e suas consequências inflacionárias nos EUA.

Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC, comenta sobre as tarifas de 10% anunciadas pelo presidente americano Donald Trump. Ele afirma que essas tarifas não são tão prejudiciais para o Brasil, considerando os cenários previstos.

A tarifa pode diminuir a competitividade das exportações brasileiras nos EUA, mas também pode trazer vantagens, pois é menor do que a aplicada a outros países.

Azevêdo aponta um potencial ganho de mercado internacional para produtos brasileiros, especialmente na área agrícola, se as retaliações de outros países limitarem as importações americanas. Contudo, ele avisa que isso pode gerar turbulências na economia global e aumentar a inflação nos EUA, com risco de desaceleração econômica.

Trump poderia adotar tarifas mais específicas, mas optou por um modelo horizontal. A medida pode resultar em um custo adicional de US$ 300 bilhões para os consumidores americanos.

Para o Brasil, a sobretaxa de 10% pode ser compensada pela perda de competitividade dos produtos de outros países no mercado americano. O cenário depende da reação internacional e das possíveis retaliações.

Azevêdo sugere que a melhor abordagem é o diálogo, antes de tomar qualquer medida de retaliação. Ele acredita que a OMC se tornará ainda mais relevante, sendo um fórum essencial para negociações que evitem o agravamento da situação comercial.

Roberto Azevêdo, 67 anos, foi o primeiro brasileiro a liderar a OMC e atuou como diretor-geral por sete anos até 2020, antes de ingressar no setor privado.

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