'Tenho medo que me prendam apenas porque tenho tatuagens': imigrante nos EUA que teme deportação para megaprisão de Bukele em El Salvador
Imigrante venezuelano teme deportação após ser marcado por tatuagens, que o governo associa a uma gangue terrorista. A situação gera pânico entre a comunidade indocumentada, que enfrenta insegurança e discriminação.
Antuan Cardona, 16 anos, fez uma tatuagem da silhueta de uma mulher, inspirada em sua mãe, e acabou punido pelos pais. Mais de 20 anos depois, teme a deportação dos EUA para uma prisão de segurança máxima em El Salvador devido às suas tatuagens, que podem ser confundidas com as de membros da gangue Tren de Aragua. Ele relata: “TENHO MEDO que me prendam na rua apenas porque tenho tatuagens”.
Em março, o presidente Donald Trump deportou 238 imigrantes venezuelanos, utilizando a Lei de Inimigos Estrangeiros, alegando que o Tren de Aragua estava ameaçando os EUA. O grupo é considerado uma organização terrorista pela Casa Branca.
Um juiz federal suspendeu os voos para deportar os imigrantes, mas as autoridades alegaram que os aviões partiram antes da decisão. Os deportados foram levados para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) em El Salvador.
Após a deportação, houve pânico na comunidade venezuelana indocumentada nos EUA, especialmente entre aqueles com tatuagens. A BBC News Mundo apurou que apenas determinados tipos de tatuagens, como estrelas nos ombros e frases populares, são associadas à gangue.
A pesquisadora Ronna Rísquez afirma que não é correto vincular tatuagens à gangue, pois elas podem ser modismos e não indicam filiação.
Cardona descreve sua angústia após ver imagens de deportados, ressaltando a necessidade de cuidados ao sair de casa. Sua mãe também expressou preocupação, levando-o a rezar por proteção.
Advogados e organizações de direitos humanos denunciam violações ao devido processo na deportação dos migrantes. O presidente Nayib Bukele de El Salvador afirmou que os migrantes permanecerão detidos por um ano.
Cardona, preocupado, conclui com suas preces, desejando não ser confundido com membros da gangue Tren de Aragua.