Tirar alimentos da inflação “não dialoga” com trabalho do BC, diz Galípolo
Gabriel Galípolo defende a importância da inclusão dos preços de alimentos e energia no IPCA, contrariando a proposta do vice-presidente. Ele destaca que a autonomia do BC não impede críticas à política monetária e reafirma confiança nas regras atuais para a definição da Selic.
Presidente do BC critica proposta de retirar alimentos e energia do IPCA
Nesta quinta-feira (27.mar.2025), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a ideia de excluir alimentos e energia do IPCA “não dialoga” com o trabalho da autoridade monetária.
A declaração ocorreu após o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) sugerir a medida em segunda-feira (24.mar), alegando que isso tornaria a definição da taxa Selic mais eficaz para a redução da inflação. Alckmin reforçou que "juros não fazem chover" para baixar os preços dos alimentos.
Galípolo destacou que os núcleos inflacionários estão elevados e próximos da taxa do IPCA, expressando satisfação com as regras atuais para definir a Selic. No entanto, ele afirmou que a independência do BC permite que comentários sobre a política monetária sejam feitos.
“Acho que ele [Alckmin] não está falando tanto do momento,” comentou Galípolo. Ele também apresentou o Relatório de Política Monetária, reduzindo a projeção de crescimento do PIB do Brasil para 1,9% em 2025.
A ata da última reunião do Copom identificou a desaceleração da economia como essencial para garantir a inflação dentro da meta de 3% (intervalo de 1,5% a 4,5%). A taxa do IPCA foi de 5,06% em fevereiro e deve subir para 5,6% em março.
Na última reunião, a Selic foi elevada para 14,25% ao ano, com sinalização de novos aumentos em maio, mas em “menor magnitude”.