Trump, credibilidade em xeque e nova metodologia: entenda a crise do mercado de crédito de carbono
Mercado de carbono enfrenta crise com queda de 27% nas emissões de novos créditos no primeiro trimestre. A retração é impulsionada por desconfiança e mudanças na metodologia de certificação da Verra.
Queda no Mercado de Carbono
O mercado global de carbono enfrentou uma crise de credibilidade, resultando em uma redução de 27% na emissão de novos créditos no primeiro trimestre de 2025, caindo de 85 milhões para 62 milhões de créditos, de acordo com a Systemica.
Segundo Rodrigo Matte, analista da Systemica, a crise reputacional impactou os preços dos créditos, que caíram de US$ 10 a US$ 12 para US$ 4,80, uma queda de 60%.
A reformulação da metodologia da Verra, principal certificadora de créditos de carbono, também atrasou novos projetos, reduzindo as emissões de créditos.
Em janeiro de 2023, uma reportagem revelou que parte dos créditos reconhecidos pela Verra não compensava emissões, intensificando a crise.
A Verra anunciou uma nova metodologia de certificação, mais rigorosa, aguardada pelas empresas desenvolvedoras. Munir Soares, CEO da Systemica, prevê recuperação do mercado até junho.
A demanda por créditos cresceu 1,8% no primeiro trimestre de 2025, atingindo 56 milhões de créditos, embora a taxa de crescimento tenham diminuído em relação ao ano anterior.
Atualmente, existe 1 bilhão de créditos disponíveis, com um aumento de 9% em comparação com 2024. A Systemica estima que o estoque cresça menos de 1% até 2025.
O professor Ronaldo Seroa da Motta acredita que a recuperação do setor será turbulenta, citando um estoque ainda grande e uma demanda fraca.
O número de empresas no SBTi ultrapassou 10 mil, mas o crescimento de novos participantes caiu 29% em relação a 2024.
A demanda por créditos mais recentes aumentou, com preços de créditos de alta integridade chegando a 52% acima da média. Projetos de reflorestamento estão sendo vendidos a até US$ 50 por crédito.
No segmento de REDD, os créditos podem alcançar US$ 15, incentivando proprietários a manter vegetação. A diferença entre o desmatamento calculado e o real gera créditos de carbono.