Trump deixa mercado financeiro sem direção e em instabilidade

Governo Trump gera instabilidade no mercado financeiro

Executivos do Santander Brasil afirmam que o governo do presidente Donald Trump criou um ambiente de incerteza inédito, afetando decisões diárias no mercado de captação de recursos.

Segundo Sandro Marcondes, responsável pela área de Global Debt Finance, mesmo em crises anteriores, havia uma volatilidade controlada por ações governamentais. Agora, fatores internos causam a instabilidade.

Apesar disso, o mercado permanece ativo. Miguel Diaz, responsável pelas emissões externas, observa que os investidores aguardam para ver como o cenário irá evoluir, mas não há um pipeline claro de emissões.

Atualmente, a abordagem é mais reativa: empresas têm somente duas semanas para elaborar ofertas. Isso resulta em um cotidiano de decisões instantâneas no crédito privado.

Os índices de risco, como o Vix, atingiram patamares altos, com 50 pontos-base, muito acima da normalidade de 12 a 13. Marcondes destaca que, se ficar em 15 pontos-base, o volume de emissões aumenta, mas 50 pontos-base é anormal.

Essa falta de direção impacta os preços dos bonds no mercado secundário, levando investidores a preferirem títulos com maior liquidez e menor risco, como os soberanos.

Recentemente, a Colômbia captou US$ 3,8 bilhões, pagando um prêmio alto de seis vezes em relação ao mercado normal. Bancos como JPMorgan e Morgan Stanley também enfrentaram prêmios elevados em suas emissões.

Para empresas brasileiras, o primeiro semestre pode oferecer melhores oportunidades para setores defensivos, mas a projeção é de captações entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões até 2026.

O mercado local, por sua vez, está operando normalmente, e as empresas estão explorando mais oportunidades, com emissões menores e frequentes para reduzir riscos.