Trump deu presente a Lula com tarifaço, diz Maílson da Nóbrega
Ex-ministro analisa a alta tarifa de Trump e sugere que decisão pode favorecer Lula politicamente. Maílson da Nóbrega critica a postura do presidente dos EUA e alerta para as consequências econômicas para ambos os países.
Ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, 83 anos, analisa decisão de Donald Trump em taxar produtos brasileiros em 50%, afirmando que isso beneficia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) politicamente.
Maílson considera a reversão da medida quase impossível e afirma que, na prática, Trump deu um presente a Lula, visto que candidatos que se opuseram a Trump ganharam eleições em outros países.
O ex-ministro, que foi responsável pelo Ministério da Fazenda entre 1988 e 1990, aconselha Lula a evitar confrontos diretos com Trump e qualifica a nova tarifa de "aberração completa", ressaltando seu caráter político.
Ele critica a imposição da tarifa, alegando que não respeita regras comerciais e é uma tentativa de chantagem relacionada ao julgamento de Jair Bolsonaro.
Além disso, Maílson observa que o discurso de Trump prejudica a direita, responsabilizando Bolsonaro pela situação, e menciona a ação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em tentar negociar a questão.
Sobre o protecionismo, Maílson aponta que, embora não seja uma estratégia equivocada, deve ter um prazo limitado e critica a dependência do Brasil em relação a setores protegidos.
Ele afirma que a nova tarifa não só prejudica o Brasil, mas também os consumidores americanos, elevando preços e provocando inflação.
Maílson destaca o impacto negativo sobre o suco de laranja, que tende a ser inviável para exportação devido à tarifa.
Durante uma reunião do Brics, Lula mencionou a necessidade de alternativas ao dólar nas transações comerciais, uma ideia que Maílson considera problemática, pois o Brasil prefere receber pagamentos em dólar.
Ele conclui que a adoção de moedas locais, embora possa beneficiar negócios, pode ser prejudicial ao Brasil, afetando sua capacidade de receber moeda forte nas operações internacionais.