Trump é como um caudilho latino-americano, é menos limitado por preocupações morais, diz Joseph Nye
Trump pressiona Zelensky em armadilha estratégica para se gabar de acordos de paz. Especialistas alertam para mudanças duradouras na política externa e na ordem mundial sob sua liderança.
Ucrânia aceita cessar-fogo proposto pelos EUA após reunião tensa entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca.
Joseph Nye, cientista político da Universidade Harvard, explica que a reunião foi uma "armadilha" de Trump com o objetivo de intimidar Zelensky e demonstrar poder. Segundo Nye, o presidente americano deseja finalizar rapidamente a guerra, buscando um acordo favorável que o destaque como negociador.
Nye, criador do conceito de soft power, argumenta que o relacionamento dos EUA com a Europa está sendo desgastado, e que Trump geralmente busca ganhos de curto prazo, o que pode levar a um enfraquecimento da ordem mundial. Ele enfatiza que Trump mobiliza um segmento isolacionista da população americana, mas essa visão é minoritária.
A política externa de Trump se destaca pelas ameaças a aliados e desmantelamento de agências como a Usaid, criando uma tensão na relação com países aliados, como México e Canadá.
Nye acredita que, apesar dos ganhos imediatos que Trump pode conseguir, esses não são sustentáveis a longo prazo. Ele sugere que os aliados dos EUA estão questionando a confiabilidade do país, uma preocupação que pode perdurar mesmo após a saída de Trump do poder.
No entanto, Nye se descreve como um "cauteloso otimista", esperando que o papel da Europa na defesa da Ucrânia e na segurança global se fortaleça, embora os EUA continuem essenciais como uma "salvaguarda nuclear".
A relação de Trump com líderes como Putin e Xi Jinping é vista como um desejo de fazer acordos vantajosos, mas Nye alerta que isso pode não resultar em uma nova ordem global clara, e se questiona sobre a estratégia de Trump.