'Trump não é xerife do mundo' e 'deve estar muito mal informado': o que Lula disse após anúncio de tarifas dos EUA
Lula critica intervenção de Trump na Justiça brasileira e defende soberania do país. Presidente anuncia que o Brasil responderá às tarifas com a Lei da Reciprocidade se necessário.
Presidente Lula responde a tarifas de Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu entrevistas ao Jornal Nacional e ao Jornal da Record na quinta-feira (10/7), discutindo as tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Trump justificou a medida mencionando o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe. Lula criticou a "ingerência" de Trump e enfatizou que "é inadmissível" que um presidente interfira no Judiciário de outro país.
Lula declarou: "Quem cometeu um erro vai ser punido" e mencionou que Trump poderia ser processado no Brasil se tivesse agido como nos EUA após a eleição de Joe Biden.
Sobre a carta enviada por Trump, Lula afirmou que o presidente americano "não pode pensar que foi eleito para ser xerife do mundo" e destacou que "aqui no Brasil, quem manda somos nós, brasileiros".
Lula distorceu a comparação entre sua visita a Cristina Kirchner e as ações de Trump, explicando que sua visita foi autorizada pela Justiça argentina. Ele ressaltou a autonomia do Poder Judiciário brasileiro.
Respostas às tarifas
Ao ser questionado sobre as tarifas, Lula adotou uma postura calma, dizendo: "eu não tomo decisão com 39 ºC de febre" e que o Brasil usará a Lei da Reciprocidade se necessário, até 1º de agosto, quando as tarifas de Trump entrarem em vigor.
Ele reforçou que o Brasil não quer conflitos e que a relação comercial com os EUA tem sido "virtuosa". Defenderá os interesses do Brasil nas discussões comerciais.
Mentiras sobre a relação comercial
Lula refutou a alegação de Trump de que os EUA têm déficit com o Brasil, informando que, em 2023, exportaram US$ 40 bilhões e importaram US$ 47 bilhões, resultando em um déficit de US$ 7 bilhões.
Impacto do Brics
Sobre as críticas de Trump ao Brics, Lula afirmou que o grupo representa metade da população mundial e que o Brasil busca independência em suas políticas.
Lula expressou que o Brasil está em busca de negociações com exportadores para entender a situação deles e assegurar que o governo não cederá às pressões externas.
Ele concluiu, afirmando que o Brasil deve ser respeitado e que "não aceita desaforos" contra o país.