'Trump nega todos os valores defendidos pelos EUA desde a 2ª Guerra Mundial', diz Ricupero
Em entrevista, Rubens Ricupero critica a política de Trump e destaca os perigos do protecionismo e da ameaça ao sistema multilateral. O embaixador brasileiro alerta sobre as consequências dessas ações para a justiça social e o equilíbrio global.
Em análise, Rubens Ricupero critica ações de Trump
O embaixador brasileiro Rubens Ricupero expressa que as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de desmantelar o sistema multilateral são uma negação dos valores defendidos pelos EUA desde a Segunda Guerra Mundial.
Ricupero, ex-ministro e diplomata, destaca a fundação da ONU, do FMI, e do Banco Mundial como conquistas dos EUA, hoje ameaçadas pelo protecionismo de Trump.
Ele compartilha suas vivências, desde sua infância no Brás até papéis importantes na ONU e no Itamaraty, e aponta uma crise atual global, como a crise humanitária de migrantes e a ascensão da extrema-direita.
Ricupero analisa os primeiros meses de Trump, afirmando que sua política interna reverteu décadas de conquistas sociais.
A política externa também é criticada, com Ricupero ressaltando que Trump abandonou os princípios estabelecidos após a guerra, como a cooperação internacional.
Um impacto nocivo: o uso de tarifas comerciais para fins políticos e a hostilidade crescente contra a Europa e outras alianças.
Ricupero destaca a Ucrânia como um exemplo das consequências das políticas de Trump e como isso sacrifica direitos internacionais.
Em relação aos migrantes, ele alerta sobre a impossibilidade de uma expulsão em massa, uma vez que a mão-de-obra migrante é essencial para a economia dos EUA.
Sobre as redes sociais, Ricupero critica a mistura de interesses públicos e privados no governo dos EUA, sugerindo a necessidade de um marco regulatório no Brasil para enfrentar este desafio.
A situação global ambiental também é tema, com a COP 30 prevista para ser desafiadora e a expectativa de que, apesar do clima adverso, os países tentem manter o Acordo de Paris.
Ricupero ressalta a incoerência brasileira em questões ambientais, como a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, que enfraquece a posição do Brasil em fóruns internacionais.
Finalizando, ele acredita que o multilateralismo é fundamental para evitar um colapso global. Embora o cenário atual seja pessimista, a necessidade de colaboração internacional é crucial.