Trump pode dar fôlego a Lula, como já fez com Trudeau e Sheinbaum?
Tarifas comerciais de Trump podem fortalecer a popularidade de Lula ao reativar o discurso nacionalista da esquerda. Especialistas apontam que a resposta do presidente brasileiro pode mobilizar apoio popular e reposicionar seu governo em meio à crise.
Donald Trump impôs tarifas comerciais de 50% a produtos brasileiros, o que pode aumentar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um exemplo vem do Canadá e do México. O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau viu sua popularidade aumentar após críticas de Trump e sanções comerciais, resultando em uma vitória eleitoral do Partido Liberal, mesmo sem maioria absoluta.
O cientista político Josué Medeiros sugere que a situação do Brasil é mais comparável à da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, que cresceu nas pesquisas ao responder firmemente a Trump. Ela mobilizou a sociedade civil e utilizou um discurso nacionalista de defesa do México.
Medeiros acredita que Lula pode usar essa crise para reposicionar seu governo, explorando temas de soberania nacional e anti-imperialismo. O governo ainda colhe os frutos de recentes vitórias narrativas sobre desigualdade.
Christian Lynch concorda, apontando que o ataque dos EUA à soberania brasileira pode revitalizar o discurso da esquerda, tão importante quanto a defesa dos trabalhadores. O governo Lula pode obter protagonismo e encurralar a extrema-direita associada ao trumpismo.
A gestão da crise será crucial para o sucesso desse movimento. Se conduzido adequadamente, o discurso pode engajar novamente as bases do lulismo e posicionar Lula como favorito para 2026, mobilizando apoiadores que estavam adormecidos desde a Lava Jato.
O Brasil tornou-se um alvo simbólico para Trump, especialmente por sua presidência dos BRICS e a oposição ao bolsonarismo, evidenciando que o cenário americano enfrenta suas próprias dificuldades.