Trump pode empurrar Brasil e Colômbia para órbita chinesa, alerta Celso Amorim

A política comercial agressiva do presidente dos EUA, Donald Trump, pode afastar o Brasil e outras potências regionais da influência americana, aproximando-os da China. A análise é do assessor especial da Presidência, Celso Amorim, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Amorim destaca que a condução unilateral de Trump na política tarifária e o enfraquecimento das instituições multilaterais, como a OMC, podem gerar um realinhamento geopolítico favorável à China. Ele afirmou: “A maneira como Trump vem agindo... pode empurrar grandes países da região, como Brasil e Colômbia, para a esfera de influência da China.”

Esse movimento ocorre enquanto Trump se prepara para um novo "tarifaço" contra produtos estrangeiros. O Brasil busca uma solução diplomática, mas já se prepara para medidas de retaliação, sem comprometer sua economia.

Quanto à fragmentação do sistema internacional, Amorim vê um risco de divisão em três polos: Estados Unidos, China e Rússia. Ele enfatiza a importância da união da América Latina e da relação com a África.

Amorim também destaca a relevância do acordo Mercosul-União Europeia como um contrapeso à crescente bipolaridade entre Washington e Pequim.

Embora o segundo mandato de Trump represente riscos ao multilateralismo, Amorim observa uma postura mais pragmática do republicano em relação à guerra na Ucrânia, oferecendo espaço para o Brasil atuar como mediador.

Por fim, a aproximação com a China se intensificará com a próxima viagem do presidente Lula à China, em maio, onde discutirá investimentos em infraestrutura com Xi Jinping. Na mesma viagem, Lula encontrará Vladimir Putin na Rússia durante as celebrações dos 80 anos do Dia da Vitória.