Trump resolveu entrar de vez na campanha eleitoral brasileira, dizem diplomatas
Diplomatas brasileiros ressaltam a necessidade de um espaço de diálogo com o governo Trump, mas afirmam que a interferência nos assuntos internos do Brasil, principalmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, é inaceitável. A estratégia do Itamaraty é evitar retaliações imediatas e buscar soluções pacíficas antes que a crise se agrave.
Fontes diplomáticas que acompanham a crise das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil afirmam que é necessário esperar para avaliar se ainda existe um canal de diálogo com o governo de Donald Trump.
A avaliação do Itamaraty é que Trump entrou na campanha eleitoral brasileira, apoiando a família Bolsonaro. No entanto, a condição exigida por Trump - que o Brasil encerre o julgamento contra o ex-presidente - é considerada inegociável.
Diplomatas sustentam que é absurdo um líder estrangeiro interferir na Justiça brasileira e destacam que essa interferência não seria aceitada por nenhum país democrático.
Na semana anterior, sinais da Casa Branca sobre uma ação em relação ao Brasil foram notados, mas com dúvidas se se referiam ao STF ou a algo mais abrangente.
O governo Trump havia negociado as tarifas de forma técnica até o momento, mas a política foi introduzida nas negociações, considerando que produtos como café, celulose, petróleo e suco de frutas podem ser afetados.
A embaixadora Maria Luisa Escorel expressou estranheza quanto à intromissão de uma democracia no Brasil, alinhando-se a forças que ameaçam a democracia.
Apesar de o presidente Lula considerar aplicar a Lei de Reciprocidade, a diplomacia brasileira busca negociar, evitando escalar a crise até 1º de agosto.
Fontes ressaltam que já enfrentaram outras crises com o governo Trump e que ataques de Trump a outros países já ocorreram, mas essa situação é mais grave por afetar o estado democrático de direito no Brasil.