Turbulência à vista: como eleições podem pressionar o peso argentino, segundo o BBI
A expectativa de uma nova pressão cambial na Argentina se intensifica com a proximidade das eleições legislativas. O governo busca mitigar os efeitos por meio de um programa de anistia fiscal, que enfrenta resistência devido à falta de garantias legais.
Pressão sobre o câmbio argentino pode aumentar no segundo semestre de 2023, durante o período pré-eleitoral.
O Bradesco BBI prevê uma depreciação moderada do peso, mas longe dos níveis de estresse anteriores.
O relatório ressalta que a dinâmica cambial está mudando, impulsionada pelo crescimento das exportações de petróleo e gás, reduzindo a dependência das exportações agrícolas que historicamente predominam no primeiro semestre.
A entrada média mensal de dólares saltou de US$ 19 milhões (2013-2018) para US$ 304 milhões (2019-atual). Contudo, outubro é um mês crítico devido às eleições legislativas, quando há elevado desequilíbrio na demanda e oferta de dólares.
Movimentos de pressão ocorreram em março e abril deste ano, antes do acordo com o FMI, com controles de capitais ainda ativos e impacto da guerra tarifária dos EUA.
Para mitigar a pressão, o governo lançou um programa de anistia fiscal (blanqueo) em setembro, visando a regularização de US$ 255 bilhões não declarados no exterior. O Bradesco simula que a repatriação de apenas 2% das famílias poderia injetar US$ 5,1 bilhões na economia.
Contudo, o blanqueo enfrenta resistência devido à falta de garantias legais. O governo ainda tenta avançar com um projeto de lei.
O Investimento Estrangeiro Direto (IED) na Argentina é de 3,7% do PIB, abaixo de países como Chile e Colômbia. Embora o fluxo de IED seja superior à média histórica, muito dos recursos não representam expansão produtiva e focam em endividamento.
A percepção de risco político melhorou com a condenação de Cristina Fernández de Kirchner, mas ainda não é suficiente para atrair investimentos de longo prazo. Sem garantias jurídicas e uma política cambial previsível, o interesse estrangeiro se concentra em operações de curto prazo.
Os títulos Bontes, que pagam entre 28% e 29,5% ao ano, são um exemplo de investimento de curto prazo com retorno elevado.