Um alvo oculto das tarifas de Trump para o Brasil
Tarifa imposta por Trump provoca tensões entre Brasil e EUA e acirra debate sobre a hegemonia do dólar. A iniciativa reflete o temor da administração americana diante do avanço de sistemas de pagamento digitais como o Pix, que desafiam o sistema financeiro tradicional.
Tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos é uma das taxas mais altas impostas por Donald Trump em sua guerra comercial.
Trump afirmou que esta taxa é uma tentativa de intimidar o sistema judiciário do Brasil, visando o processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por um golpe fracassado em 2023. O governo dos EUA também impôs sanções a Alexandre de Moraes, juiz da Suprema Corte brasileira.
A ação de Trump busca não apenas submeter o judiciário brasileiro, mas também combater a ordem financeira ameaçada pelo sistema Pix, de pagamento digital instantâneo, que já é usado por 76% da população brasileira.
O Pix tem revolucionado transações financeiras ao oferecer pagamentos instantâneos e sem taxas altas, disputando espaço com cartões de crédito. O recurso "Pix Parcelado" pode ameaçar ainda mais gigantes como Visa e Mastercard.
Trump reconhece que essas inovações podem colocar em risco a hegemonia do dólar, que, desde a Segunda Guerra Mundial, domina o comércio global, permitindo que os EUA mantenham vantagens geopolíticas.
As sanções econômicas dos EUA, intensificadas após os ataques de 11 de setembro e a invasão da Ucrânia, têm levado países a buscar alternativas ao dólar.
A dívida federal dos EUA aumentou de US$ 19,8 trilhões em 2017 para US$ 36,2 trilhões em 2025, despertando preocupações entre investidores estrangeiros.
O Brics —Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul— discute um sistema descentralizado de pagamentos, Brics Pay, que visa facilitar comércio em moedas locais.
Trump, ao investigar o Pix, demonstra a insegurança de um poder que teme perder controle. A intromissão nos assuntos brasileiros pode acelerar o declínio da hegemonia do dólar.