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Um fator surpresa está prestes a impactar lucros das ‘Big Tech’, e não é inteligência artificial

O câmbio se torna um fator decisivo para as gigantes da tecnologia, impactando diretamente suas receitas e lucros. A TSMC e a Apple enfrentam desafios e oportunidades em meio às flutuações da moeda americana.

O câmbio pode ser um fator decisivo nos próximos resultados financeiros das empresas de tecnologia, substituindo temas mais debatidos como inteligência artificial e tarifas.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC), maior fabricante de chips do mundo, já enfrenta turbulências cambiais. Na semana passada, a empresa anunciou US$ 10 bilhões para mitigar os efeitos das flutuações na taxa de câmbio entre o dólar americano e o dólar taiwanês. Este é o terceiro investimento nesse tipo nos últimos 13 meses, totalizando US$ 18 bilhões.

Enquanto a TSMC recebe pagamentos em dólares, reporta resultados em dólares taiwaneses. Anteriormente, essa conversão era vantajosa, mas com o atual enfraquecimento do dólar, essa vantagem desapareceu. Segundo o relatório da TSMC, 1% de desvalorização do dólar reduz sua margem operacional em 0,4 ponto percentual.

A empresa recorreu a hedge cambial para proteção, aplicando recursos em títulos, opções de câmbio e swaps. Desde 2022, o fortalecimento do dólar, devido ao aumento de juros nos EUA, beneficiou a TSMC. No entanto, em 2025, o cenário se inverteu com uma queda de 10% do dólar em relação ao dólar taiwanês, impactando negativamente a receita da TSMC.

A volatilidade cambial se deve também a mudanças geopolíticas, como a postura do ex-presidente Donald Trump que aumentou o investimento europeu em defesa. “Outros países estão começando a investir mais em si mesmos”, afirmou Geoffrey Yu do BNY Mellon.

A Apple é uma das empresas americanas mais expostas ao câmbio, com 64% de suas vendas provenientes do exterior. No primeiro trimestre fiscal de 2023, a empresa perdeu 8 pontos percentuais de crescimento por causa da valorização do dólar. Já a Meta sofreu uma perda de 6 pontos.

A Apple alertou que a desvalorização de moedas estrangeiras pode afetar o valor em dólar de suas vendas e lucros. Com o dólar em queda — o índice DXY caiu 8% desde o ano passado —, a situação pode melhorar para a empresa. No balanço do segundo trimestre, a Apple já indicou que os ventos cambiais estavam se tornando favoráveis, apesar de ainda serem um obstáculo.

Estimativas de receita da Apple para o trimestre atual foram revisadas para baixo, sugerindo a possibilidade de uma surpresa positiva à vista.

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