Urânio enriquecido do Irã provavelmente está protegido, diz diretor da Aiea
Diretor da Aiea expressa preocupação com armazenamento de urânio enriquecido no Irã após ataques aéreos. Enquanto isso, o Parlamento iraniano avança na limitação das inspeções internacionais de seu programa nuclear.
Rafael Grossi, diretor-geral da Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica), afirmou que grande parte do urânio altamente enriquecido do Irã pode ter sobrevivido aos bombardeios israelenses e americanos.
A declaração foi feita durante entrevista a jornalistas em Viena, na Áustria, em 25 de junho de 2025.
Os ataques a instalações nucleares do Irã ocorreram ao longo de um conflito de 12 dias. No último fim de semana, os Estados Unidos bombardearam estruturas subterrâneas do programa atômico iraniano.
Grossi informou que o Irã comunicou à Aiea, no dia 13 de junho, que havia tomado “medidas especiais” para proteger seu material nuclear. Ele ressaltou a necessidade de retomar as inspeções no Irã, que estão suspensas desde o início dos ataques.
Entretanto, o parlamento iraniano aprovou um projeto de lei que suspende a cooperação com a Aiea, permitindo inspeções apenas com autorização do Conselho Supremo de Segurança Nacional. Essa proposta ainda precisa do aval do Conselho Guardião.
O relatório da Aiea, publicado em 31 de maio, indicou que o Irã tem urânio enriquecido a 60% de pureza, suficiente para 9 armas nucleares, se mais enriquecido. O Irã nega intenções militares, afirmando que seu programa nuclear é pacífico.
Uma avaliação preliminar da inteligência dos EUA sugere que os bombardeios atrasaram o programa nuclear iraniano por apenas alguns meses.
Sobre a reconstrução do programa, Grossi comentou: “Essa abordagem de ampulheta é algo que eu não gosto”.
O presidente do Parlamento iraniano criticou a Aiea, dizendo que a agência “colocou sua credibilidade internacional à venda” e que o Irã deve acelerar seu programa nuclear civil.
Questionado sobre a possibilidade de o Irã abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT), Grossi expressou preocupação, afirmando que isso traria sérias consequências para a estrutura do NPT.