Vida em 'prédio fantasma': as idosas que resistem a demolição de edifício
Duas idosas resistem a tentativa de demolição de seu prédio em Fortaleza, enquanto a construtora busca transformar a área em um luxuoso empreendimento imobiliário. A disputa acirra-se em meio a alegações de coação e um embate judicial que reflete a pressão do mercado imobiliário sobre moradores antigos.
Dois idosos resistem à demolição de prédio em Fortaleza
Maria Elisier Balidas, 84 anos, e Maria Martha dos Santos, 79 anos, são as últimas moradoras do edifício Kátia, cercadas por 10 apartamentos vazios.
Os vizinhos deixaram o prédio após acordos com uma construtora que planeja construir torres de alto padrão na área.
Elisier e Martha rejeitaram a proposta de permuta por novas unidades, levando a disputa a ser judicializada. O advogado das idosas, Stênio Gonçalves Silva, afirma que estão sendo intimidadas pela construtora, o que a empresa nega.
O novo projeto inclui apartamentos valorizados em R$ 1,9 milhão. A construtora ofereceu R$ 450 mil pelas unidades das idosas, mas elas consideram o valor abaixo do mercado.
Depois de uma assembleia, foram iniciadas intervenções nas unidades, assustando as idosas. Elisier relatou um incidente ao escorregar na poeira deixada pelos trabalhos. Enquanto isso, a moradora Renata Maia defendeu as ações como necessárias e disse que o condomínio está em deterioração.
A disputa legal resultou em uma decisão liminar suspendendo as intervenções no prédio e ordenando a reparação das áreas danificadas. Mas a proposta da construtora não mudou. A pressão e as tentativas de aquisição compulsória permaneceram.
Elisier e Martha lutam pela permanência nas suas casas, que representam suas histórias e memórias. Elisier chegou a Fortaleza com seu marido e abriu um negócio para sustentar a família, enquanto Martha encontrou inspiração na pintura e vínculos na comunidade.
Ambas aguardam uma proposta justa, desejando não sofrer prejuízos. O caso exemplifica uma tendência de pressão imobiliária na região, semelhante a outras partes do Brasil.
A situação de Elisier e Martha ecoa arquetípicas histórias de resistência contra o avanço imobiliário em busca de preservar suas memórias e direitos.