Vinicius de Moraes seria cancelado hoje? O lado machista do poeta que foi expulso do Itamaraty

Vinicius de Moraes (1913-1980), conhecido como o poetinha, é celebrado na cultura brasileira, mas sua obra é revisitada sob uma ótica contemporânea que critica aspectos machistas.

Trechos de suas poesias, como em Elegia ao Primeiro Amigo e Formosa, são vistos hoje como misóginos. O poeta é lembrado também por Garota de Ipanema, que objetifica a mulher, corroborando sua imagem boêmia e mulherenga.

A professora Lígia Menna destaca que o olhar atual identifica um machismo embutido na obra de Vinicius, enquanto o escritor Miguel Sanches Neto contextualiza suas criações no desejo de promover uma mitologia nacional durante a bossa nova.

O músico Luca Argel lançou o projeto Meigo Energúmeno, que revisita a obra de Vinicius com foco nas vozes machistas. Ele observa que embora o Brasil tenha avançado em questões de igualdade, muitos estereótipos permanecem enraizados.

Vinicius teve uma vida intensa, casou-se nove vezes e produziu uma vasta obra poética, influenciada por suas experiências e pela boemia carioca. Foi diplomata, mas sua carreira foi interrompida pela ditadura militar.

O artista se destacou ao misturar tradição e modernidade, mas suas representações da mulher são questionadas hoje. A crítica contemporânea busca discutir suas metáforas que podem ser vistas como refletindo uma estrutura patriarcal, mesmo sem desmerecer seu legado artístico.

A própria viúva de Vinicius, Gilda Mattoso, defende que ele não era machista em seu trato pessoal, apesar das características da época. Destaca a harmonia no convívio e o respeito que ele demonstrava pelas mulheres.

O debate sobre sua obra continua, equilibrando a apreciação de sua contribuição literária com a análise crítica de seu conteúdo, sinalizando a necessidade de uma revisitação de seu legado.