Volume movimentado em debêntures, CRIs e CRAs é recorde; veja os mais negociados
Movimentação recorde no mercado de crédito privado no primeiro semestre de 2023 reflete aumento na busca por ativos rentáveis em meio à alta da Selic. A valorização de títulos antigos impulsiona a participação de fundos e investidores institucionais nas negociações.
Investimentos em crédito privado atingem recorde no primeiro semestre de 2023
Os investimentos em crédito privado, incluindo debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), movimentaram R$ 517,32 bilhões no mercado secundário este ano, representando um aumento de 15% (ou R$ 68 bilhões) em relação ao ano anterior.
Foram registradas 2,1 milhões de operações, um crescimento em relação a 1,7 milhão de operações no mesmo período de 2024. Contudo, a quantidade de papéis negociados caiu de 8,1 bilhões para 4,6 bilhões.
Segundo Aruã Torigoe Kalmus, analista da Pop BR, a mudança se deve a um maior envolvimento de fundos de investimento e investidores institucionais, que realizam operações mais frequentes e diversificadas, enquanto investidores pessoa física tendem a concentrar compras.
Embora pessoas físicas possam investir diretamente, é necessário um conhecimento mais profundo sobre riscos de crédito e estruturas de operação para tal. Por isso, muitos optam por fundos especializados.
Motivo do recorde: O aumento nas movimentações se deve, principalmente, aos juros altos. No final de junho, a Selic foi elevada para 15% ao ano. Kalmus explica que títulos anteriores à alta oferecem rentabilidades mais vantajosas, atraindo investidores.
Comparando com a série histórica, em dez anos, o volume cresceu 256%, passando de R$ 145,210 bilhões em 2015 para o valor atual.
Ativos mais negociados: A demanda por debêntures da Vale e de companhias do setor de energia, com debêntures incentivadas, se destacou no primeiro semestre.
Entendendo os ativos: Debêntures, CRIs e CRAs são todos ativos de crédito privado. As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para financiar projetos. CRIs e CRAs, por sua vez, são emitidos por securitizadoras para financiar o setor imobiliário e agronegócio, lastreados por garantias.
O mercado secundário refere-se à compra e venda de papéis já emitidos, e não à captação inicial de recursos.